Não estás sozinho.

Eu sofro de ansiedade, como já revelei em posts anteriores. No entanto, até hoje, não me tinha apercebido da quantidade de pessoas que sofrem do mesmo que eu - claro que de maneiras diferentes porque cada um de nós encara e perceciona as situações, sentimentos e emoções de modos distintos.
Hoje, estava no Facebook e decidi procurar grupos destinados à ansiedade e pude concluir algumas coisas: são inúmeras as pessoas que lidam com esta adversidade diariamente; a maioria das pessoas utiliza o grupo para desabafar porque se sentem sozinhas - vi até pessoas a falar de suicídio e deixou-me preocupada e com uma vontade enorme de ajudar; as pessoas partilham dicas e truques que ajudam a combater a ansiedade, no entanto, deparei-me com indivíduos que se assumem "viciados" em "drogas".
Este post é principalmente destinado a vocês que, pelo que entendi, estão num estado de saturação que eu conheço mas opto por combater a cada batimento que o meu coração dá.
Oiçam, eu sei que é muito complicado lidar com isto. Eu sei o que é esta luta diária e sei que há dias em que nos deixamos ir tão abaixo e nem sempre temos o apoio que necessitamos. Mas - óbvio que tem de existir um mas - "enquanto há vida há esperança" como se costuma dizer.
Eu sei o que é não querer acordar e passar os dias fechada em casa num isolamento tão profundo que perdemos o sentido de cá andar. Eu sei o que é querer dormir para esquecer tudo com o que tenho de lidar. Sei o que é já nem conseguir chorar de tão apática que estava. Confiem que sei. Mas felizmente, levei "um abanão" da minha família, do meu namorado, das pessoas que me amam para eu acordar para a vida.
Eles ajudaram e ajudam-me diariamente a tentar manter uma rotina o mais natural possível. Temos de continuar a viver as nossas vidas e tentar desfrutar o que há de bom nelas.
Não sei quanto a ti mas eu sinto, por vezes, vergonha do que tenho - embora não goste de admitir. Mas se formos a pensar bem, as pessoas que não sabem lidar com este tipo de situações é que deveriam sentir-se desta forma por serem ignorantes e por não terem o mínimo de compaixão.
Vou contar-vos uma situação que sustenta o que eu acabei de dizer. Estava um dia no comboio e comecei a ficar ansiosa - porque, como deves compreender, estar em locais fechados com as mesmas pessoas muito tempo torna-se complicado e desconfortável. Eu sentia que ia ter uma manifestação de ansiedade e, que surpresa, tive mesmo. Tinha duas raparigas jovens à minha frente que se começaram a rir disparatada e nitidamente de mim. Então - como depois da crise eu sinto um alívio gigante - perguntei em alto e bom som se era bonito estarem a rir-se de um problema de saúde. Podem não acreditar mas elas pararam de rir e ficaram envergonhadas com os olhares de desdém por parte das restantes pessoas que partilhavam a carruagem connosco.
Como vês, quem fez um puro e duro papel de otárias foram elas. Não podemos sentir este medo de falar e expor o que temos. Faz parte de nós, somos pessoas ansiosas e depois? Já pensaram que isto pode ser benéfico em algumas vertentes?
Deves neste momento estar a perguntar-te quais. Calma, eu explico. Se nós vivemos a ansiedade com tanta intensidade talvez consigamos fazer o mesmo com outras emoções. Por exemplo, na vertente amorosa, eu sei que amo profunda e intensamente a minha família, os meus amigos e o meu namorado. Sei que vivo as nossas interações - sejam elas palavras, contacto físico, às vezes só um pequeno olhar - com muita intensidade. Quando eu me sinto feliz, eu sinto-me real, verdadeira e puramente feliz. Nós, se pensarmos bem, percepcionamos a vida de outra forma. E não é tão bom olhar o mundo com uma perspetiva tão diferente das dos demais? Alcançar o auge da felicidade com esta nossa intensidade de viver as coisas? Se conseguirmos ser tão intensos e persistentes no positivismo como somos na ansiedade é meio caminho andado para vivermos uma vida plena e conseguirmos ser nós a comandá-la. Reflete sobre isto e nutre-te de pensamentos, emoções e sentimentos positivos. Só esses merecem a nossa atenção.
Se te identificas, concordas ou discordas com este post comenta e partilha a tua experiência pessoal comigo. Terei todo o gosto em conversar contigo.

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